O policial militar aposentado Fabrício Queiroz afirmou em áudio divulgado nesta segunda-feira (28) que a investigação contra ele, referente a um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), “até demorou” para acontecer. Ele é suspeito de ter cometido o crime conhecido como rachadinha, prática em que um funcionário público devolve parte do salário.
“Esses depoimentos, cara, eles vão lá e pegam mesmo, esses filhos da puta, rapaz. Até demorou a pegar. O Agostinho foi depor no dia 11 de janeiro, parece que ele foi depor. Já publicaram o depoimento dele na íntegra”, disse Queiroz, que trabalhou para Flávio Bolsonaro de 2007 e 2018, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Mencionado no áudio, Agostinho Moraes da Silva é ex-funcionário do gabinete de Flávio na Alerj e a única testemunha a depor no caso. Ele disse ao Ministério Público do Rio, no dia 11 de janeiro, que depositava dois terços do salário na conta de Queiroz, equivalente a cerca de R$ 4 mil.
O áudio de Queiroz foi enviado por WhatApp no dia 21 de fevereiro deste ano a um interlocutor não identificado. A gravação foi divulgada pelo UOL. Segundo a reportagem, a defesa de Queiroz afirmou que não irá se pronunciar sobre o conteúdo do áudio.
ASSUMIR O PSL
Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o policial aposentado Fabrício Queiroz teve mais áudios vazados neste final de semana. Em um deles, ele diz que quer retornar ao PSL para “lapidar a bagunça” do partido. Em outro, afirma que o Ministério Público “tem um cometa para enterrar na gente”.
As gravações, que foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, demonstram que Queiroz, mesmo afastado da política, continua acompanhando o tema de perto. Em um dos áudios, ele demonstra interesse em “assumir” o PSL, para lapidá-lo.
“Resolvendo essa pica que está vindo na minha direção, se Deus quiser vou resolver, vamos ver se a gente assume esse partido aí. Eu e você de frente aí. Lapidar essa porra”, afirmou a um interlocutor, que não foi identificado.
Ele comenta a situação política do Rio de Janeiro, classificando-a como “ruim” e “bagunçada” e diz que, “passando essa ventania”, ele e o interlocutor vão “blindar” o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Politicamente, eu só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, disse.
Queiroz trabalhou para Flávio Bolsonaro de 2007 e 2018, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeita de rachadinha – prática em que o funcionário devolve parte do salário.
RODRIGO MAIA E TWITTER
O ex-assessor também comenta a relação de Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo Queiroz, “estão fazendo chacota com o governo” e Bolsonaro deveria dar uma “porrada” em Maia.
“Estão fazendo chacota do governo dele. Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia… As declarações dele humilha [sic] o Jair. Jair tinha que dar uma porrada nesse filha da puta. Botar o [ministro da Justiça] Sergio Moro para ir no calço [sic] dele. Tem p…. na bunda dele aí, antiga”, afirmou Queiroz, em março.
Dias antes, ele reclamou da superexposição que o presidente estava tendo nas redes sociais. “Tem que falar com ele para parar com esse lance de Twitter. Tá pegando mal pra caralho. Ciro botou agora: ‘Elegeram um garotinho de 13 anos twitteiro.’ Aí vem um milhão de comentários. ‘Tem garoto de 13 anos mais inteligente’, não sei o quê. Focar no governo e esquece essa porra de internet de lado. Ta pegando mal”, sugeriu, também em março.
QUEIROZ RESPONDE
Procurado, o advogado de Queiroz, Paulo Klein, disse que o áudio em que seu cliente fala sobre voltar ao diretório do PSL diz respeito, apenas, a uma conjectura baseada na experiência que ele detém. “É fruto do capital político que [Queiroz] amealhou legitimamente, em razão de sempre ter pautado sua atuação dentro da ética e sem ter cometido qualquer crime”, afirmou.
FLÁVIO RESPONDE
Em nota, o advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou que não pode confirmar a autenticidade do material sem ter tido acesso aos áudios na íntegra. Ele disse que só poderá se manifestar se souber a origem das gravações, o interlocutor, o contexto e o período em que as afirmações foram feitas. A Presidência da República disse que não comentaria o caso.
Fonte: UOL/Folha de São Paulo