Após aumento de casos de covid-19 entre servidores, Prefeitura de Divinópolis inicia testagem de funcionários do Centro Administrativo

Quase um ano depois da primeira morte provocada pela covid-19 no Brasil, a Prefeitura de Divinópolis ainda não divulgou oficialmente o número de casos da doença entre os servidores públicos municipais. Entretanto, o município admite o “aumento” do número de casos no funcionalismo municipal, porém não dá maiores detalhes.

Nesta quinta-feira (26) a Prefeitura iniciou a testagem para covid-19 de servidores lotados no Centro Administrativo. Em nota distribuída pela Diretoria de Comunicação, a Prefeitura informou que os testes seguirão os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e as orientações da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

Segundo a Semusa, em caso de teste positivo para doença o servidor deverá ser imediatamente afastado de suas atividades. “É importante ressaltar que todos os servidores que tiveram contato direto, nos últimos 10 dias, com a pessoa que testou positivo também deverão ser afastados da função”, diz a nota oficial da Prefeitura.

O Secretário Municipal de Saúde, Amarildo Sousa, destacou a importância da testagem em razão dos casos positivos identificados durante a última semana. “A sede administrativa recebe um grande número de servidores e visitantes, casos positivos podem se alastrar rapidamente. Para evitar essa situação vamos fazer os testes”, esclareceu o secretário. De acordo com a Prefeitura, outros setores da administração, onde servidores já testaram positivo para o Coronavírus, também vão passar por nova testagem.

Embora a nota admita que houve um crescimento dos casos positivos entre os servidores, a Prefeitura não informa a quantidade de trabalhadores atingidos, como também omite quantos testes para covid-19 deverão ser feitos entre os trabalhadores municipais.

75 MORTES

Conforme os dados atualizados pela Semusa, Divinópolis já registrou 75 mortes pela covid-19. Já são 18.460 notificações da doença, com 2.385 casos confirmados. A Semusa, informa que o ritmo de contágio em Divinópolis é de 1,1. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), isso significa que cada divinopolitano infectado pode transmitir o vírus para mais de duas pessoas. “A taxa de transmissão é dinâmica e pode sofrer alterações no decorrer da pandemia”, acrescenta a Secretaria de Estado.

UTI

A cada semana, a Secretaria de Estado de Saúde monitora o quadro do coronavírus em Divinópolis. A última atualização dos dados epidemiológicos ocorreu na última segunda-feira (23). Segundo a SES, A taxa de incidência, que corresponde ao número de casos novos da doença dividido pela população em risco é de 51, nível considerado médio. Sem citar o número de testes realizados até agora, a Prefeitura informa que a porcentagem de positividade dos casos testados é de 11%.

Em relação a capacidade hospitalar, os dados da SES apontam que 22% dos pacientes em UTI são adultos internados com suspeita de covid-19. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no setor adulto é de 68%.

Embora tenha ampliado a flexibilização, especialmente do comércio, o prefeito Galileu Machado (MDB) mostrou-se preocupado com o aumento dos casos e pediu à população que mantenha as medidas de segurança. “Precisamos que os divinopolitanos continuem cumprindo as medidas de segurança como o uso de máscaras, o distanciamento social, a higienização constante e o cumprimento dos horários de funcionamento de cada atividade econômica. Foi muita luta para chegarmos ao ponto que estamos, não queremos retroceder. Dezembro é um mês muito importante para a economia e somente com a colaboração de todos que vamos conseguir nos manter na onda verde até, finalmente, a vacina chegar”, disse Galileu.

TRANSPORTE

Apesar do apelo feito pelo prefeito, é preciso que a Prefeitura intensifique a fiscalização. Alguns setores não estão cumprindo regras de segurança adequadas. É o caso do transporte coletivo urbano. Sem fiscalização, os horários de pico mostram ônibus completamente lotados, com passageiros viajando amontoados. Além disso, falta higienização dos veículos e, como boa parte das linhas opera sem trocadores, muitos usuários retiram as máscaras logo após passar pela roleta. É impossível ao motorista fiscalizar o uso das máscaras, cobrar a tarifa e ainda dirigir com os cuidados necessários.

SINTRAM

A proteção aos servidores municipais vem sendo cobrada pela diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) desde o início da pandemia. “Muitas medidas de proteção a servidores dos grupos de risco, especialmente aqueles com mais de 60 anos de idade, só foram tomadas após a intervenção do Sintram. Continuamos acompanhando atentamente a evolução da pandemia e lembramos aos servidores, de todas as prefeituras de nossa base, que falhas em medidas de segurança devem ser comunicadas ao Sindicato”, diz o vice-presidente do Sintram, Wellington Silva.

Para a presidente do Sindicato, Luciana Santos, os testes já deveriam estar sendo feitos desde o início da pandemia. “Esses testes estão chegando com quase um ano de atraso. O servidor está na linha de frente, em contato com dezenas de pessoas diariamente, portanto com maiores possibilidades de contrair o vírus. Esses testes precisam ser ampliados para todos os servidores da administração, principalmente para o pessoal do sistema de saúde. Esperamos que isso seja feito sem necessidade de intervenção do Sintram, pois isso é uma questão óbvia, diante do aumento do número de casos, como admite a própria Semusa”, diz a presidente.

AÇÕES

A diretoria do Sintram está vigilante desde o início da pandemia. Foram várias ações já efetivadas para garantir a saúde dos servidores públicos municipais de Divinópolis e das demais 35 cidades, que compõem a representação do sindicato. Em abril, logo no início da pandemia, através de ofício ao secretário de Saúde de Divinópolis, Amarildo Sousa, o Sindicato cobrou o afastamento de servidores dos grupos de riscos. Em atendimento ao Sindicato, através de portaria,foram afastados das atividades presenciais servidores com doenças crônicas e os imunodeficientes.  A flexibilização da jornada de trabalho estabelecida pela administração também foi uma reivindicação do Sintram.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram